tag:blogger.com,1999:blog-9054837456514898900.post8716079563377353074..comments2024-02-14T23:51:26.505+00:00Comments on Actualidade Religiosa: Almas SofredorasUnknownnoreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-9054837456514898900.post-80357197431354194902017-05-04T11:35:24.367+01:002017-05-04T11:35:24.367+01:00Olá, Filipe
“Deus benigno e que nos ama, segundo ...Olá, Filipe<br /><br />“Deus benigno e que nos ama, segundo o modelo Bíblico (os deuses sanguinários e caprichosos dos pagãos são uma coisa à parte)” <br />O termo “pagão” é de pura propaganda, e surgiu aliás como técnica de propagar a fé da “cidade” para os “campos”. Um termo negativo (pagão = não-cristão) nunca pode ter determinações positivas pois só indica aquilo que a coisa não é; qualquer zoroastrista, taoista, epicurista, estóico, hindu e até o Iggy Pop (que cabe evidentemente sob o género “pagão”) não se devota bem a um deus sanguinário e caprichoso (ou pelo menos, não mais que qualquer um de nós nesta vida sanguinária e aleatória – seja o que fôr que façamos, o último acto é sangrento, dizia o Pascal, um rapaz não-pagão…) A saída da violência do sagrado e da sacrificialidade sanguinária não é um exclusivo do cristianismo; parece até mais uma espécie de tarefa ética clamada de Abraão a Confúcio…<br /><br />“Instintivamente adoptou a mortificação, abdicando de comer doces; fazendo actos de penitência sem que alguém lhe tivesse explicado o sentido”<br />Veja lá se o deus “sanguinário e caprichoso” não passeia mais por aqui o ar da sua graça, numa curiosa negociação entre sofrimento e salvação (e que não me parece um treino, uma ascese, como no estoicismo). A introjecção da violência não é bem a sua superação…<br /><br />Há também uma relação congénita com a sacrificialidade sanguinária na interpretação da crucificação como “pagamento pelos nossos pecados”.<br /><br />E já que estamos em Maio: em Fátima passeiam-se deuses sanguinários e caprichosos, para dizê-lo sem pejo. Claro que também se “passeiam” outros sentidos religiosos – é apenas a pretensão católica deste texto em pôr-se totalmente de fora da violência religiosa e sacrificial que é muito problemática.<br /><br />O problema da propaganda sempre foi o solipsismo e a fundamentação falseada que só funciona para dentro. Infelizmente, o olhar que se desvia dos outros também se desvia dos espelhos, e é natural que acabe por imaginar o seu rosto numa espécie de perfeição celestial mais ou menos alienada da sua própria realidade.<br /><br />Nem toda a gente é o René Girard. Este texto, do ponto de vista analítico e histórico, é do pior que tenho lido ultimamente, e por isso mesmo me interpelou. <br /><br />Vai me dizer que é um texto de um católico para católicos. Certo. Eu estava apenas nas redondezas e comentei ;)<br /><br />Cumprimentos<br />alexandre<br />Alexandre Coferhttps://www.blogger.com/profile/08246448583517640450noreply@blogger.com